A ansiedade é um sintoma que afeta um número cada vez maior de pessoas e já é considerado por  alguns como o mal do século. Neste artigo vou tratar, de forma breve, sobre esse sintoma na perspectiva junguiana. Vou também fomentar algumas reflexões que podem ser ferramentas úteis para quando a ansiedade chegar.

 

A ansiedade em número e suas definições:

Temos visto pesquisas que alertam sobre os índices de ansiedade e depressão no Brasil e no mundo. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população. Há também outros índices alarmantes sobre a saúde mental dos brasileiros, já que uma em cada quatro pessoas no país sofrerá com algum transtorno mental ao longo da vida.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada é definido no CID – Código Internacional das Doenças – como uma ansiedade caracterizada por medo ou preocupação excessiva persistente, ou seja, que não se limita a uma situação específica.

Neste breve artigo, vou abordar o tema me atendo ao olhar simbólico sobre o sintoma, metodologia que é característica da psicologia de Carl Gustav Jung. Sendo assim, não vou explorar as dimensões sociais e culturais relacionadas a esses índices de ansiedade, que podem ser acessadas nos estudos sobre saúde pública.

Pela definição do CID mencionada acima, observamos que a ansiedade generalizada se caracteriza por um padrão de previsão de ameaça futura que ocorre de forma permanente. Proponho que a pensemos como uma experiência que produz sintomas físicos e emocionais.

 

A experiência ansiosa

 Em uma experiencia intensa de ansiedade, o coração geralmente bate mais acelerado, o peito aperta e o estomago pode doer. A respiração fica encurtada e a sentimento é que o pior pode ou vai acontecer, você concorda?

Essa experiência em si não é boa nem ruim. (Mas, como assim não é ruim? Você pode estar se perguntando). Esses sintomas refletem um mecanismo de defesa para alguma ameaça futura. O que devemos nos perguntar é: porque a vida ou algum aspecto dela se tornou tão ameaçadora para mim ao ponto de eu ter que erguer “tantas armas”? Do que, afinal, eu estou me defendendo? Ou de quem?

Do ponto de vista social, temos uma questão de saúde pública que pode refletir as condições de seguridade social brasileira. Por outro lado, do ponto de vista da prática clínica, observamos que essa experiência pode estar associada a experiências já vivenciadas pelo sujeito.

Viver a ansiedade de forma constante é semelhante a estar permanentemente com um radar ligado e pronto para detectar qualquer mínimo sinal de ameaça. Perdemos a confiança na vida e em nós mesmos, e assim, sob o julgo do medo, deixamos de fluir com o movimento desta. Desse modo, o medo paralisa e a ansiedade aumenta ainda mais.

 

Estado de alerta

A ansiedade pode ser o medo de algum evento externo, mas também pode ser o medo de algum evento interno. Explico aqui: podemos ficar ansiosos quando estamos sendo ameaçados internamente. Ou seja, quando aquele sentimento difícil de suportar me espreita e ameaça me “devorar” por completo.

Esse aspecto interno que parece que vai nos tomar de assalto, é denominado por Jung de complexo. Para o autor, os complexos são conteúdos inconscientes responsáveis pelas perturbações da consciência. São conteúdos que possuem autonomia relativa (STEIN, 2006), e produzem formas de pensar e agir que não são compatíveis com a consciência.

Se aquilo que te causa medo, e por consequência, ansiedade, é um sentimento, um afeto, uma lembrança, então, a ameaça reside dentro. E, o “tal radar” pode achar que o motivo é um evento externo, já que, por associação ou semelhança, um evento externo pode acionar o afeto de uma experiência já vivida.

Se o “inimigo” reside dentro (ou reside também dentro), de quem eu estou me defendendo, afinal?

 

Perguntas para se fazer:

Se você se sente assim, te convido a pausar estar leitura e a se fazer as seguintes perguntas:

* Porque o futuro me assusta tanto? Quando foi, na minha vida, que eu tive medo que algo acontecesse e me senti completamente desamparado? Esse medo antigo tem alguma relação com o medo de hoje?

* Se pergunta ainda: Eu tenho medo do que eu não posso controlar? E, onde mora a minha necessidade de controlar um sentimento ou o porvir?

Escrevas as respostas em um papel de forma espontânea, deixando as palavras apenas escorrerem pelo papel. É provável que, ao tentar controlar para “se livrar” da ansiedade, você continue sendo tomado por ela, já que o mecanismo de defesa contra aquilo que é ameaçador vai ficando cada vez mais “aprimorado”. Oriento que experimente começar a dialogar. Esse encontro com o medo e com a ansiedade, é potente e transformador, ainda que possa ser difícil.

E, se difícil for, busque auxílio na psicoterapia . Tanto nos atendimentos presenciais quanto na psicoterapia online, o meu trabalho é proporcionar esse encontro com segurança e acolhimento.

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