Fazer ou viver a terapia? Um processo terapêutico, como o próprio nome diz é um processo, ou seja, é experienciado de forma gradual, processual. O que não significa, que seja algo inerte ou sem resultado.
Esse processo é construído por dois sujeitos, o terapeuta/analista e o paciente. É um trabalho conjunto e em dupla. Mario Jacoby, um autor junguiano, diz uma coisa muito interessante: “o terapeuta é um instrumento e precisa se colocar disponível para o processo interno do paciente”.
Nesse sentido, podemos pensar na metáfora do analista como um instrumento musical, que proporciona ressonância dentro do estilo e da maneira como esse instrumento é tocado. E quem toca essas teclas, o músico, é o paciente.
Temos então, essa imagem muito bonita, do processo terapêutico como uma composição a dois, o paciente aquele que toca as teclas e eu, a analista, como aquela que se coloca a serviço, tal qual um instrumento para ressoar a melodia interna do paciente.
Em um processo de análise, existe um ambiente facilitador para que você consiga escutar a sua música, ou seja, o que está ressoando aí dentro de você. Quais são as vozes, os ritmos, as intensidades que ressoam interna e externamente na sua vida.
Então, é com essa imagem que eu quero dizer que para além de fazer terapia, você precisa viver esse processo. Viver a curiosidade, a amabilidade e a entrega para mergulhar em lugares ainda desconhecidos, que em um primeiro momento pode dá medo, necessidade de se proteger, e está tudo bem, mas com o tempo essa música começa a ser ouvida e pode então, tocar a sua alma, o seu universo interno e compor um processo muito bonito e muito potente de transformação pessoal.